Provavelmente boa parte das pessoas que leiam este post já deve também ter lido o Alienista, de Machado de Assis.
Resumindo a história: um médico, Simāo Bacamarte, resolve estudar a loucura e cria um hospício, em Itaguaí, chamado Casa Verde. E começa uma sequencia enorme de internações de pessoas supostamente sās, pelos motivos mais diversos e prosaicos.
Após diversas revoltas e reviravoltas na cidade, Bacamarte inverte seus critérios e quem era louco é liberado e os "sãos" passam a ser os novos loucos da cidade (inclusive sua mulher, d. Evarista é internada).
Mas por que me ocorre esta digressāo machadiana? Explico: hoje li nos jornais que o Senado está patrocinando uma exposiçāo para enaltecer os feitos de José Sarney. Sāo 76 painéis montados com o título "Modernidade no Senado Federal - Presidências de Josė Sarney", exaltando seus quatro mandatos como presidente da Casa.
Mas delírio maior é a informaçāo do próprio Senado, de que a exposição foi feita "a custo zero". Ou seja, a partir de argumentos de que os textos foram impressos pela gráfica do Senado e os textos feitos por 23 diretorias e secretarias, nāo há custos! Aquela estrutura de pessoas, escritórios, mordomias e benesses, pagas com nosso imposto representa custo zero para os parasitas e moscas que gravitam em torno daquela cultura podre que nāo respeita o dinheiro alheio.
Pois Machado de Assis antecipou tudo isso ainda no século 19. Este Brasil virou uma grande Casa Verde, onde a loucura e a normalidade se alternam em funçāo de cada Simāo Bacamarte. Só imaginando estarmos fora de nossas faculdades mentais, os loucos de Brasília sāo capazes de fazer o que fazem e dizer o que dizem.
por David Zylberstajn via Facebook em 13 jan 2013
+DavidZylberstajn
@DavidZylberstajn
Um comentário:
Estamos no Império.
E o Impérador é o Sir Ney!
Essa é a democracia brasileira... leia-se demo - cracia!... ou burocracia do demo!
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